Até a publicação desta matéria (6h:30min do dia 28), a Polícia Militar da Bahia ainda não tinha se pronunciado sobre o ocorrido.
Em decorrência de uma operação policial ocorrida no povoado de Rodeadouro, no distrito de Salitre, durante a tarde deste último domingo (27), um jovem foi a óbito em virtude de ferimentos causados por disparos de arma de fogo.
Amigos e familiares em áudios e vídeos apontam que a Polícia Militar é responsável pelos disparos. Em uma das imagens um jovem diz: "Mataram meu parceiro. Deram dois tiros e mataram".
Por meio de comunicado oficial, a Comunidade Quilombola de Alagadiço externou pesar pelo falecimento do jovem e atribui à polícia a responsabilidade pelos disparos, alegando que William estava envolvido em manobras de empinar uma motocicleta.
A entidade representativa da comunidade à qual o jovem pertencia contesta a versão extraoficial fornecida por alguns policiais, enfatizando que, conforme depoimentos de testemunhas, "William encontrava-se meramente em pé sobre a motocicleta quando foi atingido de forma fatal pelos tiros disparados pelos agentes policiais".
No comunicado, são proferidas críticas contundentes em relação à conduta policial, sendo divulgadas o emprego excessivo de força, alegações de viés racial e práticas discriminatórias por parte das autoridades incumbidas da salvaguarda de todos os cidadãos.
Nota na íntegra:
Nós, membros da Comunidade Quilombola de Alagadiço em Juazeiro, Bahia, manifestamos nosso profundo repúdio em relação à ação da Polícia Militar que resultou na trágica morte do jovem William, um integrante desta comunidade.
É com indignação e tristeza que observamos as circunstâncias em torno dessa fatalidade. A Polícia Militar alegou que o jovem estava empinando uma moto, porém, o testemunho de membros da nossa comunidade contradiz essa versão. Segundo relatos de testemunhas, William estava simplesmente em pé na motocicleta quando foi alvejado fatalmente pela polícia.
Este incidente trágico destaca um problema maior e sistêmico que enfrentamos. Vemos essa ação como um exemplo gritante de uso excessivo de força, preconceito racial e discriminação por parte das autoridades que deveriam proteger todos os cidadãos. A perda de William é uma lembrança dolorosa das vidas negras que continuam sendo afetadas pela violência e pelo racismo institucional.
É profundamente preocupante e lamentável que a população negra continue a enfrentar brutalidade por parte da polícia militar no estado da Bahia e em muitas outras regiões. A persistência desse problema destaca a necessidade urgente de abordar questões de discriminação racial, violência policial e desigualdade em todo o sistema de justiça e segurança pública.
Estamos unidos em nossa dor e determinação por mudança. Continuaremos a lutar contra o racismo estrutural e por um sistema de justiça que realmente proteja e sirva a todos os cidadãos, especialmente da população quilombola.
Comunidade Quilombola de Alagadiço Juazeiro, Bahia
Nossa reportagem continua buscando uma manifestação da Polícia Militar da Bahia.
via Portal Spy